Piet Mondrian
Conheça a arte do nosso patrono
"As linhas retas nos dizem a verdade", escreveu Piet Mondrian (1872-1944).
Filho de um pastor, o artista holandês cresceu em um ambiente que condenava a carreira artística e tentou ser professor antes de dedicar-se à arte e, posteriormente, criar os primeiros trabalhos que inauguraram o movimento conhecido como neoplasticismo, marcado pela busca por uma "realidade pura", representada por linhas retas e cores primárias.
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A valorização das cores primárias
Suas pinturas definem espaços que se relacionam de diferentes modos com os limites da pintura, e que podem ou não serem preenchidos com uma cor primária: amarelo, azul e vermelho, decisão que mostra sua estreita relação com as teorias estéticas da Bauhaus e da Escola de Ulm, e que definem pesos visuais diferentes para esses espaços.
Nascido em ambiente rural com clima de fazenda e sítio, Piet Cornelis Mondrian vinha de uma família calvinista extremamente religiosa. Seu pai, um pastor puritano, desejava que o filho seguisse a carreira clerical. A religião marcou o jovem Piet e o sentimento metafísico iria permear sua obra durante toda a vida, em maior ou menor grau. Tendo um tio que trabalhava com pintura, interessou-se pela carreira artística, mas foi obrigado a enfrentar a visão ortodoxa da família, que via na arte um caminho para o pecado. Vê, porém, na possibilidade de dar aulas uma resolução ao seu dilema: prometeu ao pai estudar artes para se tornar um professor.
Insatisfeito com o magistério, Mondrian sentia a necessidade de libertar-se e estabelecer-se como pintor, mas temia enfrentar ao pai (que de antemão desaprovava a ideia) e a si mesmo, tal o peso de sua formação religiosa. Quando entrou em contato com a teosofia, porém, encontra em seu ideário uma resolução para o problema: a doutrina pregava o trilhar de um caminho evolutivo pessoal e a arte encaixava-se neste caminho. O contato com a teosofia irá manifestar-se no trabalho de Mondrian e marcará sua vida profundamente daí em diante.
Piet Mondrian começou a sua carreira como pintor ao mesmo tempo em que trabalhava como professor. A maior parte do seu trabalho deste período é influenciada pelo naturalismo e o impressionismo. No museu Gemeente, em Haia, estão expostos vários trabalhos deste período, incluindo exemplares pós-impressionistas tais como "O Moinho Vermelho" e "Árvores ao andar". (O museu também tem exemplos do seu trabalho geométrico posterior).
Após entrar em contato com a teosofia, Mondrian passa por um breve período simbolista, que lhe será fundamental para que atinja a abstração. Este período costuma-se confundir com a radical abstração que caracterizaria o resto de sua obra, já revelando uma certa tendência à geometrização e à síntese da realidade. Além do pensamento espiritual calcado na busca de uma essência matemática e racional para a existência que caracteriza a teosofia, Mondrian também exibiu um interesse quase obsessivo pelo jazz - pela identificação de sua alegria contagiante com o ritmo irregular que, ele também, possuiria um fundamento matemático.
A abordagem sequencial de três telas com árvores (A árvore vermelha - 1908, A árvore cinzenta - 1912 e Macieira em Flor - 1912), mostra como se processou a desconstrução figurativista de sua obra. Em 1911, visitou uma exposição cubista em Amsterdã que o marcou profundamente e teve grande influência no seu trabalho posterior. A partir de 1917 até a década de 1940 desenvolve sua grande obra neoplástica. Essa fase de sua obra, a mais popularmente difundida, se caracteriza por pinturas cujas estruturas são definidas por linhas pretas ortogonais (o uso de diagonais induziria a percepção a ver profundidade na tela e motivou o rompimento de sua amizade com Theo Van Doesburg, posteriormente).
Essas linhas definem espaços que se relacionam de diferentes modos com os limites da pintura, e que podem ou não serem preenchidos com uma cor primária: amarelo, azul e vermelho, decisão que mostra sua estreita relação com as teorias estéticas da Bauhaus e da Escola de Ulm, e que definem pesos visuais diferentes para esses espaços. Os blocos de cor pintados de modo fosco e distribuídos assimetricamente reforçam a ideia de um movimento superficial que se estende perpetuamente, indicando que o pintor investia na percepção de sua obra como uma abstração materialista e sem profundidade, criticando a pintura histórica enquanto produzia uma abstração racionalista, espiritualista e sobretudo concreta do mundo.
Sua obra, muitas
vezes copiada, continua a inspirar a arte, o design,
a moda e a publicidade que a apropriam como design, sem
necessariamente levar em conta sua fundamental e filosófica recusa à imagem. Em
1930, Lola Prusac, estilista da Casa Hermès, criou uma linha completa de bolsas
e malas que são inspiradas diretamente nas obras de Mondrian com cortes
vermelhos, amarelos e azuis. O seu quadro Broadway
Boogie-Woogie, que pode ser visto no Museu de Arte Moderna de Nova
Iorque-MoMa, pertence à fase posterior ao Neoplasticismo, quando
Mondrian se liberta das regras que ele próprio se impôs.